Foto: Nathália Schneider (Diário)
Em sua 50ª edição, a Feira do Livro de Santa Maria relembrou todos os patronos e personalidades homenageadas ao longo dos anos. Entretanto, a ausência, mesmo que em monumento, de um dos mais emblemáticos poetas e escritores do município chamou a atenção na Praça Saldanha Marinho.
Localizada próximo ao palco, o busto de Felippe D’Oliveira não está mais no pedestal. Em nota emitida na manhã desta segunda-feira (8), a prefeitura de Santa Maria confirmou a informação. Até o momento, não há detalhes sobre o período em que a obra teria sido retirada do local ou qual seria o motivo.
Posicionamento
No comunicado, a prefeitura, por meio da Secretaria de Cultura, afirma ter sido notificada sobre o caso e que os órgãos competentes já investigam a “retirada indevida do monumento”. Ainda conforme o documento, “a estrutura do busto estava chumbada na base de pedra desde a sua colocação na praça e permanecia intacta até então”.
Em um breve histórico, a importância da obra é destacada, assim como o papel da Praça Saldanha Marinho em abrigar obras que fazem parte da história e memória do município.
“A obra foi doada pela Sociedade Felippe D’Oliveira, do Rio de Janeiro, e inaugurada pelo então prefeito João Antonio Edler, em 16/07/1935. Tanto a Guarda Municipal quanto o Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp) já atuam para ajudar a esclarecer o caso”, finaliza.
Na manhã desta terça-feira (9), a secretária de Cultura, Rose Carneiro, abordará o assunto do programa Bom Dia, Cidade. Com apresentação dos jornalistas Rogério Kerber e Alexandre De Grandi, a atração é transmitida pela Rádio CDN 93.5, TV Diário (canais 26 e 526 da NET) e redes sociais.
"O vandalismo que encaminha para derreter a história de Santa Maria"
Após a confirmação do desaparecimento, personalidades e artistas de Santa Maria lamentaram o ocorrido. Ao Diário, a artista plástica e diretora do Museu de Arte de Santa Maria (Masm), Marília Chartune Teixeira, falou sobre a situação, destacando a importância da peça de bronze esculpida pelo escultor ítalo brasileiro Victor Brecheret.
Conforme Marília, em 2015, a guarda municipal percebeu que o busto estava solto no pedestal. A obra foi recolhida para o gabinete do prefeito, retornando à Praça Saldanha Marinho após a criação de um monobloco para a fixação do busto.
– Seria muito difícil remover, mas ao que parece, não impossível para o vandalismo que encaminha para derreter a história de Santa Maria. Infelizmente, para mantermos viva a memória, a solução seria gradear praças e monumentos como em outras cidades que fecham os acessos à noite. É simplesmente estarrecedora essa notícia. Estamos reféns de vândalos e receptadores que destroem nossa memória e, como todos sabem, um povo que não tem memória, não terá futuro, não podemos nos conformar, espero que seja localizado logo – afirma.
Ex-patrono da Feira do Livro, o arquiteto e pesquisador José Antonio Brenner descreve o busto como “uma das mais valiosas obras de arte no cenário urbano de Santa Maria”. Ao contar a trajetória de Oliveira em diversas áreas, Brenner destaca a importância da obra:
– Há 88 anos, a escultura de Felippe d’Oliveira enriquecia o acervo artístico de nosso principal logradouro público.
Quem foi Felippe D’Oliveira?
Natural de Santa Maria, Felippe Daudt de Oliveira foi jornalista, farmacêutico, empresário, esportista e escritor. Suas contribuições em diversas áreas renderam homenagens, que estão eternizadas em ruas e espaços literários brasileiros. Oliveira morreu, aos 42 anos, em um acidente de carro em fevereiro de 1933.